sábado, 20 de agosto de 2011

Simbolismo - Lideranças

     Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens estiveram à frente do Simbolismo no Brasil

     O Simbolismo, no Brasil, começa oficialmente com a publicação, em 1893, de Missal (prosa) e Braquéis (poesia), de Crua e Sousa. O Poeta Negro (1861-1898), natural de Florianópolis, em Santa Catarina, então ainda chamada Desterro, será o grande nome do movimento simbolista brasileiro, ao lado de Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), natural de Ouro Preto, em Minas Gerais.
     Influenciado pelos simbolistas franceses, em especial Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé e Arthur Rimbaud, Cruz e Sousa combinará rigor formal (rimas e métricas muito marcadas) com a procura do inefável, do mistério que não pode ser expresso por palavras, mas apenas sugerido simbolicamente.
     Antífona, texto que abre Broquéis, é uma espécie de síntese das características do movimento. O termo "antífona" significa o verso recitado antes do salmo e aproxima a poesia da religião, da experiência mística. O poeta, visto assim, é o comunicador entre as esferas material e espiritual, capaz de reintegrar os mundos, como antes já havia sido defendido pelo poema Correspondências, do francês Charles Baudelaire.
     Em Cruz e Sousa, é característico o uso de maiúsculas, como em "Amor", "Cor" e "Perfume", expressando assim sua vontade de torná-los absolutos. A adjetivação utilizada pelo poeta catarinense acaba por ter efeito surpreendente: em vez de definir os termos, aprofunda ainda mais sua imprecisão. São "Virgens vaporosas", indefiníveis músicas", "cristais diluídos".
     Há, também, no poema em questão, assim como em toda a obra do autor e na dos artistas franceses que o influenciaram, o uso da sinestesia, a figura de linguagem que entrecruza os sentidos, como no verso "Harmonias da Cor e do Perfume", em que audição, visão e alfato estão em total correspondência e chegam a se confundir.
     De forma coerente, em sua obra, o poeta Cruz e Sousa deu preferência a temas como a morte, a transcendência, a integração e o sagrado, sempre de forma a sugerir os mistérios essenciais da vida.

     Pobre Alphonsus!
     O poeta brasileiro é obcecado pela morte de uma prima por quem era apaixonado

     Nascido em Ouro Preto, Alphonsus Guimaraens (1870-1921) ficou conhecido pela recorrência obsessiva do tema da marte da mulher amada. Tratava-se do falecimento de sua prima Constança, aos 17 anos, por quem o poeta simbolista fora apaixonado. Leia o trecho a seguir:

     A Catedral
     Alphonsus de Guimaraens

Entre brumas, ao longe, surge a aurora.
O hialino orvalho aos poucos se evapora
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a bênção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus" Pobre Alphonsus!"

     Antífona
     Cruz e Sousa
     É o marco do Simbolismo brasileiro

Ó formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras

Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas...

Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...

Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.

Do sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.(...)

Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte...

Atividade:

01.Morte e _________ são temas presentes tanto na poesia de ____________ quanto na de _________, considerados as duas principais matrizes do ____________ no Brasil, movimento do final do século 19, de inspiração francesa.
As lacunas podem ser preenchidas por:
a) mitologia - Cruz e Sousa - Eduardo Guimaraens - Parnasianismo.
b) melancolia - Alphonsus de Guimaraens - Raimundo Correia - Simbolismo.
c) religiosidade - Cruz e Sousa - Alphonsus de Guimaraens - Simbolismo.
d) amor - Olavo Bilac - Raimundo Correia - Parnasianismo.
e) natureza - Cruz e Sousa - Eduardo Guimaraens - Simbolismo.

02."Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento. (...)

Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
.........................................................................
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."

As estrofes acima, claramente representativas do _____________ , não apresentam ______________ .

Assinale a alternativa que completa corretamente as duas lacunas anteriores.
a) Romantismo - sinestesia.
b) Simbolismo - aliterações e assonâncias.
c) Romantismo - musicalidade.
d) Parnasianismo - metáforas e metonímias.
e) Simbolismo - versos brancos e livres.

                                                                FIM
  


    

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