quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Romantismo - Prosa: Indianismo

     Os escritores da época estimularam o mito romântico da fundação nacional

     Como ocorreu na poesia, a prosa romântica brasileira cultivou o tema do indianismo, retratando o índio como um "bom selvagem" que ajudaria a compor nossa nacionalidade. Além do indianismo, que se insere no sentimento mais amplo do nacionalismo, foi explorada a temática social. Como características de composição na prosa romântica, também ganharam espaço a subjetividade, a idealização e o sentimentalismo. Algumas atitudes, no entanto, perderam um pouco da presença, como no caso da evasão pela morte, já que o crescente público de leitores preferia os finais felizes.
     Um dos principais representantes da vertente indianista do movimento romântico é o romance Iracema, de José de Alencar. A narrativa estrutura-se em torno da história do amor de Martim por Iracema. O personagem Martim é baseado em uma figura histórica real - Martim Soares Moreno, o primeiro colonizador português do Ceará. Ele representa o português que levaria até os índios, dentro da mentalidade da época, uma cultura civilizada e a fé cristã. Iracema, a "virgem dos lábios de mel", é uma jovem índia tabajara. A relação entre os dois simboliza a união entre a cultura europeia, civilizada, e os valores indígenas, apresentados como naturalmente bons. Trata-se de uma espécie de mito de fundação da identidade brasileira.
     O romance é escrito em prosa poética. Uma das habilidades de José de Alencar é representar o pensamento dos nativos por meio de uma linguagem repleta de imagens e metáforas. Sabe-se que os indígenas brasileiros possuíam mitologia própria ampla e requintada. Eles se valiam dos mitos para explicar o mundo. Desse ponto de vista, o pensamento imagético do nativo estava, portanto, próximo da poesia.
     Outros romances indianistas de autoria de José de Alencar são Ubirajara, sobre lutas entre nações indígenas antes do contato com os colonizadores europeus, e o Guarani, que retrata indígenas, entre eles o famoso herói Peri, um índio que se apaixona por Cecília, filho de um fidalgo português. Esse fidalgo abriga em sua propriedade portugueses ilustres e mercenários que estão à procura de ouro e prata. Acidentalmente, Diogo, irmão de Cecília, mata uma índia, e inicia-se um cerco à propriedade do português. O pai de Cecília convence Peri a se converter ao cristianismo e a fugir com ela dali, a fim de salvá-la. O português explode tudo, matando índios e portugueses, enquanto Peri e Cecília fogem, simbolizando a união dois dois povos.

     Prosa variada
     A origem no folhetim e os vários tipos de romance

     O gênero romance surgiu como herdeiro dos folhetins, histórias publicadas em capítulos em jornais e revistas. Antes das novelas de autoria de brasileiros, os folhetins eram trazidos de originais europeus. Considera-se que a primeira obra da prosa romântica brasileira é O Filho do Pescador, de Teixeira e Sousa. A primeira a se tornar popular, contudo, foi A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. A popularidade atravessaria o tempo, e no século 20 o romance renderá um filme com Sônia Braga no papel principal e duas telenovelas.
     Os primeiros romances românticos repetiram algumas características do folhetim, como o desfecho feliz e o enredo longo e cheio de reviravoltas envolvendo os personagens, sempre idealizados.
     Além do romance indianista, bem representado neste capítulo pelo exemplo de Iracema, de José de Alencar, surgiram no período romântico brasileiro o romance urbano e o romance regionalista.
     O romance urbano retratou personagens em situações cotidianas ou ocasiões  especiais, como festas e passeios. As personagens femininas ganharam peso nesse gênero, muitas vezes protagonizando as histórias e tratadas com mais densidade psicológica. Dois representantes desse gênero são o próprio José de Alencar e Joaquim Manuel de Macedo.
     Já o romance regionalista cobriu áreas específicas do Brasil, retratando aspectos de suas sociedades. Entre os autores estão, mais uma vez, José de Alencar, que escreveu sobre a zona rural do Rio de Janeiro e outros estados, e Franklin Távora, que abordou temas do Nordeste.

     Atividade

01."Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlogando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas."

     Esse trecho é o início do romance Iracema, de Jose de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que
a) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América.
b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participaram da luta fraticida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.
c) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.
d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra comum um romance histórico.
e) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa "lábios de fel".

02."... o mestre que eu tive foi a natureza que me envolve... desse livro secular e imenso, é que eu tirei as páginas de 'O Guarani', as de 'Iracema'... Daí, e não das obras de [Reneé de] Chateaubriand, e menos das de [Fenimore] Cooper, que não eram senão a cópia do original sublime que eu havia lido como o coração." (Do romancista José de Alencar)

Sobre o texto pode-se sustentar que o autor
a) confessa ter seguido modelos externos para compor seus livros.
b) nega ter se inspirado no sentimento para compor suas obras
c) segue uma das fontes de inspiração do romantismo.
d) acusa Cooper de ter copiado Chateaubriand.
e) apresenta uma espécie de manifesto nacionalista.

03.UM ÍNDIO
um índio descerá
de uma estrela colorida brilhante
de uma estrela que virá
numa velocidade estonteante
e pousará no coração do hemisfério sul na
América num claro instante
(...)
virá
impávido que nem Muhammad Ali
virá que eu vi
apaixonadamente como Peri
virá que eu vi
tranquilo e infalível como Bruce Lee
virá que eu vi
o aché do afoxé filhos de Ghandi
virá
(Caetano Veloso)
O trecho mostra, com uma visão contemporânea, determinado tipo de tratamento dado ao índio brasileiro em certo período de nossa literatura.
Assinale a alternativa em que aparecem o nome de dois autores que manifestaram tal tendência.
a) Santa Rita Durão e Casimiro de Abreu.
b) Gonçalves de Magalhães e Álvares de Azevedo.
c) Castro Alves e Tobias Barreto.
d) Fagundes Varella e Visconde de Taunay.
e) Gonçalves Dias e José de Alencar.

                                                              FIM       

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