sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Romantismo - Primeira geração

     Grandes mudanças políticas e econômicas revolucionaram o mundo e a literatura

     A partir do fim do século 18, a ordem socioeconômica na Europa foi modificada pela decadência das monarquias absolutas e pelo avanço do liberalismo, que representava os valores capitalistas burgueses. Os dois grandes eventos que ilustram essas transformações são a Revolução Industrial, com seus avanços tecnológicos, e a Revolução Francesa, que difundiu valores como a igualdade de direitos e a liberdade.
     No contexto das artes, a individualidade e a subjetividade assumiram grande importância. Depois de séculos de domínio da nobreza sobre a sociedade, a burguesia passou a buscar a liberdade de expressão e a renovação das linguagens, dando origem à escola conhecida como Romantismo. Os temas da literatura romântica refletem essa nova ênfase no indivíduo: o egocentrismo, a idealização e a melancolia, entre outros. Na poesia, surgiram formas mais livres, enquanto na prosa se consagrou o romance.
     O movimento teve grande repercussão no Brasil, onde os escritores abordaram o mesmo repertório temático e cultivaram também o nacionalismo, sentimento reforçado pela proclamação da independência. A identidade nacional e a maior disseminação dos escritores e leitores pelo território levam muitos estudiosos a considerar o Romantismo o primeiro movimento literário realmente brasileiro.
     Na poesia, a produção romântica no Brasil dividiu-se em três gerações, que compartilharam várias características do movimento, como o subjetivismo, mas assumiram contornos particulares.
     * A primeira geração foi marcada pelo nacionalismo;
     * A segunda, pelo sentimentalismo e pela melancolia;
     * A terceira, pela temática social.
     A primeira geração foi constituída por escritores que, ao estudar na Europa, tiveram contato com o novo movimento. Seus temas preferidos são o saudosismo, por estarem distantes da pátria, e o nacionalismo. Um dos aspectos do nacionalismo é o indianismo, no qual o indígena idealizado, no contexto da exótica natureza tropical, personifica virtudes como coragem e lealdade, assim como os cavaleiros medievais. Os autores da primeira geração também cultivam as demais características românticas associadas à individualidade, como o sentimentalismo e uma religiosidade renovada, inspirada no sentimento cristão anterior à Reforma.
     Gonçalves de Magalhães é considerado o primeiro autor  do Romantismo brasileiro. Com o livro de poemas Suspiros Poéticos e Saudades, introduziu o saudosismo e o patriotismo. É lembrado mais pela importância histórica do que pelo alcance de sua poesia. Já Gonçalves Dias é tido como um dos maiores poetas líricos da história do país, graças à habilidade de expressar a melancolia, o amor, a saudade. Autor da célebre Canção do Exílio, também se consogrou como poeta do nacionalismo, explorando a temática indianista em poemas como I-Juca Pirama.

     O BRASIL NO PALCO
     O teatro romântico produzido no país

     Foi durante o Romantismo que se definiu o teatro genuinamente brasileiro. O pioneiro também foi Gonçalves de Magalhães, com o drama Antônio José ou O Poeta e a Inquisição. Mas o autor de teatro mais reconhecido do período é Martins Pena, com suas comédias de costumes.

     SEU TEATRO:
     * Expõe o lado cômico de situações cotidianas universais, como brigas de vizinhos e abusos de poder por parte de autoridades.
     * Tem humor leve, com linguagem acessível.
     * Sempre inclui um final feliz para os protagonistas e uma punição exemplar para os hipócritas e corruptos.
     * Faz a pequena burguesia rir de si mesma. Dessa forma, Martins Pena torna-se o primeiro autor de teatro brasileiro a alcançar popularidade.

     SUAS PRINCIPAIS OBRAS SÃO:
     * O Juiz de Paz na Roça
     O juiz de paz encarrega-se de tomar conta de José, um jovem recrutado pelo Exército. Mas a amada do jovem, Aninha, o liberta e casa-se com ele às escondidas. Casado, José não poderia mais ser recrutado.
     * Os Dois ou O inglês Maquinista
     Mariquinha ama seu primo Felício, mas a pobreza dele impede o casamento. A protagonista é cortejada também pelo traficante de escravos Negreiro e pelo inglês espertalhão Gaines, ambos de olho na fortuna da jovem.
     * Outras comédias: O Noviço; Um Sertanejo na Corte; A Família e a Festa na Roça; O Judas em Sábado de Aleluia; Os Irmãos das Almas; O Diletante.
     * E também os dramas: Fernando ou O Cinto Acusador; D. João de Lira ou O Repto; Itaminda ou O Guerreiro de Tupã.

     Atividade:

01.Leia os trechos de I-Juca Pirama. Ao assinalar a coragem dos índios diante das adversidades, Gonçalves Dias (1823-1864), como também outros poetas do Romantismo, aponta para o (a):
a) passividade indígena frente ao colonizador branco escravocrata.
b) preservação do ecossistema da Mata Atlântica.
c) avanço da civilização europeia no interior do Brasil.
d) nascente consciência da nacionalidade brasileira.
e) aceitação pacifíca do domínio europeu.

02.As afirmações abaixo referem-se a Gonçalves Dias:
I - A nostalgia, a saudade, o retorno ao passado e a exaltação da pátria caracterizam a sua obra.
II - As lamentações pelo amor impossível, os anseios, as inquietações, os desencantos caracterizam o seu lirismo amoroso, que muitas vezes se identifica com a atitude de vassalagem do trovador medieval.
III - I-Juca Pirama é uma síntese da temática indianista que dominou sua obra: idealizou o indígena, descrevendo-o como um herói, interpretou sua psicologia e exaltou a natureza em que ele vivia.
Estão correta(s):
a) Apenas III.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III
e) Todas.

03.No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.
"Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para fins secretos da criação."
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.)
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa:
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas...
b) era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça...
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ...
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...
e) ...o indivíduo passa a outro indivíduo, para fins secretos da criação.

                                                           FIM

 

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