terça-feira, 30 de agosto de 2011

Modernismo - Geração de 45: Guimarães

     A renovação pela linguagem
     A terceira fase do Modernismo é marcada pelo contato com a cultura popular

     A Geração de 45 do Modernismo brasileiro, a da terceira fase do movimento, representa a continuidade dos ideias da primeira e segunda geração, a de 22 e a de 30, mas com uma particularidade: a pesquisa estética obsessiva. A cultura popular, expressão da sabedoria acumulada longe das carteiras da escola, continua, entre os novos modernistas, com seu status irrevogável, com toda a razão.
     É do encontro da cultura formal, de intelectuais generosos, com essa cultura intuitiva  e espontânea que continuariam a nascer grandes marcos da literatura brasileira, como Grande Sertão: Veredas (1956), de João Guimarães Rosa, e Morte e Vida Severina (1955), de João Cabral de Melo Neto, só para citar duas obras-primas da Geração de 45.
     Os novos autores se beneficiam do contexto histórico favorável, marcado, no Brasil, pelo discurso desenvolvimentista do pós-Segunda Guerra Mundial. Diminui, a partir de 1945, a necessidade do escritor de abordar literariamente as questões sociais e políticas do país. A Geração de 45 poderá enfatizar a pesquisa de novas formas de expressão artística.
     O mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) será um dos expoentes do período, juntamente com Clarice Lispecttor (1920-1977) e João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Em obras como Sagarana (contos, 1946, sua estreia literária) e Grande Sertão: Veredas (seu único romance), Guimarães Rosa traz a novidade: o modo de falar do sertanejo se consolida na narrativa não só no aproveitamento de seu vocabulário, mas também de sua sintaxe e de seu ponto de vista.
     Em Grande Sertão: Veredas, por exemplo, a história é narrada em primeira pessoa pelo sertanejo Riobaldo, o protagonista, para um interlocutor que nunca se manifesta, a quem chama ora de "senhor" ora de "moço". O conhecimento de  que Rosa acumulava do falar peculiar da gente dos sertões de Minas Gerais, nascido de suas viagens como médico, assegura a verossimilhança desse jagunço-pensador.
     Riobaldo, em sus narrativa memorialista, busca entender o significado de sua vida, do seu amor proibido por Reinaldo, um jagunço do bando, de quem, apenas no final, se saberá Diadorim, uma mulher. Diadorim se fizera passar por homem para entrar no bando e vingar a morte do pai.
     O sertanejo Rosa é um igual. Nos medos, o maior de Riobaldo é do Diabo, com quem teme ter feito um pacto. Essa dualidade de bem e mal percorre a saga sertaneja, sertão adentro. E o leitos vai junto, porque desconfia, com razão, de que o sertão está é aqui, mesmo, dentreo de nós.
     João Guimarães Rosa também entrou para a história de literatura brasileira do século 20 pela renovação vocabular que iniciou. Fez isso ao atualizar termos que já não se usavam mais, muito antigos, e também ao combinar novas palavras a fim de criar outras repletas de significados, numa prática chamada de neologismo.

     Fase do entusiasmo
     A geração do pós-guerra produz sob o estímulo do novo momento mundial

     Em 1945, a Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939, encerra-se, com a queda do nazifascismo. Embora outro período histórico conturbado se inicie, com a polarização de forças entre Estados Unidos e União Soviética, o Brasil engrenará, com entisiasmo.
     Getúlio Vargas deixa a presidência em 1945, após 15 anos no poder, oito de suspensão de direitos mínimos do cidadão, que levou ao encarceramento de opositores e intelectuais independentes, como Graciliano Ramos. É da prisão, aliás, que o escritos escreveria Memórias do Cárcere, que registra acontecimentos do Estado Novo.
     O país entra numa fase de estabilidade, com crescimento acelerado da economia. A euforia encontra o seu auge durante a Presidência de Juscelino Kubitschek (1956-1961) e seu discurso desenvolvimentista. O mote adotado por Juscelino se tornaria célebre: 50 anos em 5. É hora de abrir estradas e colocar para rodar os automóveis produzidos aqui, pela primeira vez. É tempo de levantar o caneco inédito no futebol (o Brasil conquistaria sua primeira Copa do Mundo em 1958, na Suécia), de erguer a nova capital, Brasília (inaugurada em 1960) e de bossa nova, o ritmo que simboliza o novo Brasil.

Atividade:

01."Moço: Toda saudade é uma espécie de velhice".
"Amar é reconhecer-se incompleto."
"Viver é muito perigoso".
(Guimarães Rosa)

As frases acima são de autoria do escritor João Guimarães Rosa. Sobre esse autor, não podemos afirmar que:
a) fez parte da geração de 45, cujo diferencial foi a expansão do regionalismo, um regionalismo universal e cósmico.
b) em suas narrativas, retrata e recria o sertão das Gerais e toda gente que lá vive: matutos, vaqueiros, crianças, velhos, feitiçeiros e loucos. Faz isso sem priorizar questões regionais.
c) como se vê nas frases acima, a sua linguagem incorpora o falar coloquial dos sertanejos, com o uso de aforismos.
d) não conseguiu atingir o objetivo de renovação da linguagem literária, tendo sua obra um caráter passadista e pouco inovador.
e) no conjunto de sua obra, destacam-se Sagarana, seu livro de estreia, Corpo de Baile, Tutameia e um único romance, considerado sua obra-prima, Grande Sertão: Veredas.

02.Leia o trecho abaixo, todos  extraídos do romance Grande Sertão: Veredas, escrito por João Guimarães Rosa e ambientado no Sertão de Minas Gerais.
1. "O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam."
2. "Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. (...) Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser - se viu -; e com máscara de cachorro."
3. "O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: [...] Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; é onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade."
4. "Eu queria decifrar as coisas qu são importantes. E estou contando não é uma vida de sertanejo, seja se for jagunço, mas a matéria vertente. Queria entender do medo e da coragem, e da gã que empurra a gente para fazer tantos atos, dar corpo ao suceder."
5. "[...] sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na ideia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de quer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois."

Associe adequadamente as seis afirmações formuladas abaixo sobre o romance de João guimarães Rosa com os cinco fragmentos de sua obra que foram transcritos imediatamente acima.
(     ) Sob o forte impacto do seu amor por Diadorim, Riobaldo procura entender a diferença desse amor imposto pelo destino.
(     ) O narrador busca definições exemplares do sertão, espaço que não se pode dimensionar.
(     ) Trata-se das palavras iniciais do romance, que já dão sinais da existência de um interlocutor presente.
(     ) Riobaldo ultrapassa a condição de homem da sua região, narrando o seu desejo de compreender os sentimentos e as forças que movem a vida humana.
(     ) trata-se de uma reflexão sobre a memória dos episódios vividos pelos seres humanos.
(     ) O diabo, que Riobaldo vai enfrentar na cena do pascto, pode assumir várias formas, como as de animais.

Agora aponte a sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo.
a) 3-2-5-4-1-3.
b) 5-3-2-4-1-2.
c) 4-2-3-1-5-4.
d) 5-3-4-2-2-1.
e) 4-1-3-1-5-2.

                                                                            FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário