quarta-feira, 6 de julho de 2011

Renascimento - Luís de Camões

     Com o Renascimento, os artistas reencontraram os valores do antropocentrismos

     As mudanças de valores iniciadas no Humanismo foram consolidadas no Renascimento, no século 16. O nome indica o ressurgimento dos modelos culturais da Antiguidade clássica. O Classicismo, também chamado de Quinhentismo por ter ocorrido nos anos 1500, refere-se às manifestações artísticas do período histórico renascentista. O antropocentrismo tomou o lugar do teocentrismo na visão de mundo. A fé nos valores religiosos e metafísicos foi substituída pela razão como principal ferramenta para explicar o funcionamento da natureza e as inquietações humanas.
     No plano social e político, os valores medievais e a influência da igreja foram sacudidos pela Reforma Protestante, que contestou o poder do papa e de Roma sobre a Europa. Com a expansão marítma, Portugal, Espanha e Inglaterra se estabeleceram como potências mercantis, reforçando o poder dos reis e da burguesia comercial.
     Enquanto isso, a Itália mostrou-se um terreno fértil para reviravoltas no conhecimento. No campo filosófico,renasceu o idealismo do grego Platão, para quem o mundo material era um reflexo imperfeito do mundo das ideias. Na ciência, a cultura clássica forneceu o modelo para o conhecimento baseado na razão. As manifestações artísticas se caracterizaram pela busca da perfeição formal, guiada por relações lógicas entre as partes que formavam o todo. O ideal grego do equilíbrio entre a razão e emoção se traduziu na proporcionalidade das medidas.
     Os renascentistas também retomaram a mitologia clássica como tema na criação artística. Os deuses gregos e romanos, com características humanas, passaram a povoar quadros e textos literários, interferindo no destino dos personagens. Esses deuses, contudo, não suplantaram a fé cristã, mantida pela maioria dos artistas.
     A Itália exportou essa riqueza cultural para o restante da Europa. Em Portugal, considera-se que o Classicismo começou em 1527, quando o poeta Sá de Miranda voltou da Itália trazendo as novas formas literárias. A produção em prosa foi limitada, destacando-se Menina e Moça, novela de autoria atribuída a Bernardim Ribeiro, traz um diálogo sentimental entre as personagens do título. Já na poesia, as obras e as formas se multiplicaram. ressurgiram o verso decassílabo (com dez sílabas métricas), chamado de medida nova, e formas como a epopeia (narração de aventuras históricas e façanhas heroicas), a ode (reflexões religiosas, filosóficas e sentimentais), a elegia (lamento da morte de alguém) e a écloga (poema pastoril).
     O soneto é a forma mais característica do Classicismo. É constituído de duas estrofes de quatro versos e duas estrofes de três versos, normalmente decassílabos. É comum o verso final resumir a ideia central do poema.
     O grande nome do Classicismo português é Luís Vaz de Camões, cuja obra poética se divide em duas partes:
     *Lírica, constituída por sonetos e outras formas. Os principais temas são o amor e o desconcerto do mundo.
     *Os Lusíadas, poema épico sobre a viagem de Vasco da Gama ao Oriente. O texto obedece às regras clássicas: os versos são decassílabos; cada conjunto de oito versos forma uma estrofe, organizada no esquema chamado de oitava-rima (AB AB AB CC).

     A estrutura de Os Lusíadas

     O poema é formado por 1102 estrofes, que se agrupam em dez cantos.

     PROPOSIÇÃO (Canto I, estrofes 1 a 3)
     A seção apresenta o tema: a viagem de Vasco da Gama às Índias e às glórias do povo português, comandado por seus reis, que espalharam a fé pelo mundo.
     INVOCAÇÃO (Canto I, estrofes 4 e 5)
     Camões invoca as musas do rio Tejo, as Tágides, em um dos vários exemplos de inspiração na cultura greco-romana.
     DEDICATÓRIA (Canto I, estrofes 6 a 17)
     O autor dedica a obra ao rei dom Sebastião, a quem confia a continuação das glórias e conquistas que serão narradas em seguida.
     NARRAÇÃO (do Canto I, estrofe 18, ao Canto X, estrofe 144)
     Conta a história da navegação às Índias. Entre várias aventuras, três episódios se destacam:
     *Inês de Castro - É a famosa história do amor proibido entre Inês e o príncipe dom Pedro. É uma passagem lírica dentro da epopeia.
     *O Velho e Restelo - Na praia lisboeta do Restelo, um velho denuncia a expansão marítima como uma ofensa aos princípios cristãos, pois a busca da glória em terras distantes a vida de privações pregada pela doutrina católica.
     *O Gigante Adamastor - Esse ser da mitologia grega personifica o Cabo das Tormentas, ou Cabo da Boa Esperança, grande obstáculo no caminho do Oriente. Vasco da Gama e seus marinheiros o superam
     EPÍLOGO (Canto X, estrofes 145 a 156)
     Camões lamenta a decadência do império, prevendo que as riquezas obtidas não serão suficientes para mantê-lo.

     Atividade:
01.Os Lusíadas, de Camões, ilustram o gênero épico na poesia portuguesa, mas oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os versos. Um deles é o episódio de Inês de Castro. Desse episódio, como um todo,é possível afirmar que:
a) personifica e axalta o Amor, mais forte que as conveniências e causa da tragédia de Inês.
b) celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo de ambos.
c) tem como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.
d) retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no peito escrito tinha.
e) relata em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono português.

02.Na passagem conhecida como "O Velho do Restelo", nos Lusíadas, o velho:
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à procura de uma vida melhor.
b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.
c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares ate chagar às Índias.
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão importante empresa.
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem encontrar para buscar fama em outras terras.

03.Leia o soneto a seguir, de Luís de Camões.

Um mover de olhos, brando e piedoso,
sem ver de quê; um riso brando e honesto,
quase forçado, um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;

um despejo quieto e vergonhoso;
um desejo gravíssimo e modesto;
uma pura bondade manifesto
indício da alma, limpo e gracioso;

um encolhido ousar, uma brandura;
um medo sem ter culpa, um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste formosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.


Em relação ao poema acima, considere as seguintes afirmações.
I.   O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e superior, idealizando a figura feminina.
II.  O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina, assumindo uma atitude de insensibilidade.
III. O poeta sugere o desejo erótico ao se referir à figura mitológica de Circe.
Quais estão corretas:
a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
d) I, II e III.

                                                              FIM

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